As ambiguidades do futebol português
Terminou a jornada 13 da liga portuguesa, com o Rio Ave em sexto lugar, a três pontos do quinto classificado, lugar de acesso a uma prova europeia. Quinto lugar esse, ocupado pelo Vitória Sport Clube que na semana anterior, passou pelo dilema do seu treinador. Luís Castro assumiu ter tido um convite do Reading, vigésimo primeiro classificado do Championship (segunda liga inglesa), e ter equacionado a possibilidade de rumar a Inglaterra, não só pela questão financeira mas pela abertura de portas do mercado inglês e de um projeto ambicioso. Decidiu recusar e continuar a liderar o emblema minhoto que procura garantir a presenças nas provas europeias. O Reading manteve a vaga em aberto e só a quis preencher com um determinado perfil. Viu em José Gomes, treinador do Rio Ave, esse mesmo perfil e contratou-o. José Gomes trocou uma equipa com francas possibilidades de terminar a liga em “lugar europeu” por um clube histórico (fundado em 1871) mas que lutará para não descer.
Esta é a história da busca de um clube inglês por um treinador português. Numa visão mais abrangente, compreendemos que o mercado inglês gera valor financeiro muito superior ao mercado nacional e que possibilita que um clube que está um pouco acima da “linha de água” na segunda divisão inglesa resgate os melhores ativos de clubes “europeus” portugueses.
Este é um indicador claro que a I Liga Portuguesa, está longe, cada vez mais, da elite europeia. A capacidade de gerar valor nesta liga é pouco relevante no contexto global do futebol, apesar de crescente valorização dos seus maiores ativos, principalmente, dos treinadores, os portugueses, que vão como em outrora descobrindo mundos e afirmando a sua qualidade juntos das elites mundiais. Como avaliar este paradoxo do futebol nacional? Mais que uma explicação conjuntural é necessária uma reflexão estrutural. Estes deverão ser os temas na ordem do dia...certo?